quarta-feira, 27 de abril de 2011

Rock and Roll a noite toda e festa todo dia

          

           Manhã do dia sete de abril de 2009. Eu estava indo rumo à Praça 29 de março, em Curitiba, embarcar em um ônibus que me levaria à realização do maior sonho, até então, que eu já teria tido na vida: o show do Kiss. Mas para poder entender melhor essa história, teremos que voltar uns anos no passado.
          Tudo começou em 1999. Eu tinha 12 anos e cursava a sexta série do ensino fundamental e estava começando a entrar no mundo do rock n’ roll. Alguns amigos haviam me apresentado músicas de bandas como Guns n’ Roses e Nirvana. Por meio de CD’S emprestados e fitas K7’s gravadas da rádio, comecei a me interessar pelo “bom e velho”. Se pararmos pra pensar, tudo começou mesmo em 1973, na cidade de Nova Iorque, quando quatro rapazes se juntavam para montar uma banda.

Kiss em 1973
                                                                          
           O meu primeiro contato com o Kiss foi através de uma fita K7 com os grandes sucessos da banda que tinha sido emprestada por uma vizinha “metaleira”. Ao dar play naquela fita pude reparar que se tratava de algo diferente de tudo que eu já tinha ouvido. Um som aparentemente simples e cru com base nos primórdios sons do rock and roll primitivo. Ali começava uma linda história de amor.
            Quanto mais eu ouvia aquela fita, mais vontade eu tinha de ir atrás de mais matériais do Kiss. Em 1999 a internet já era popular entre os brasileiros, mas não haviam sites que disponibilizavam download de músicas e muito menos o youtube, onde podemos encontrar de tudo hoje em dia. O jeito era ir de amigo em amigo procurando CD’S e LP’S e gravando tudo em fita K7. Desse modo, consegui criar um “mini acervo” de fitas da banda que já tinha virado minha preferida.

Eu me achava muito do mal por ouvir rock
                                        
          Além das músicas simples de puro rock and roll, a imagem do Kiss também me chamava muito atenção. Quatro músicos que usavam maquiagem na cara toda, roupas que pareciam armaduras, botas de plataforma e faziam performances incríveis no palco, mais pareciam heróis. Heróis do rock.  Quanto mais apaixonada eu ficava pela banda, mais triste eu fiquei quando descobri que eles tinham feito show do Brasil em 1998, ou seja, tinha perdido a chance de vê-los ao vivo no meu país.
          Voltando aos anos 70, os quatro rapazes anteriormente citados, estavam prestes a entrar para o panteão do mundo do rock. Eram eles, Gene Simmons, o baixista, Paul Stanley, guitarrista base e vocalista principal, Ace Frehley, guitarrista solo e Peter Criss, o baterista. Cada um adotava uma maquiagem e uma identidade diferente quando subiam no palco. Gene era uma mistura de morcego com Fantasma da Ópera, Paul era a estrela solitária do rock and roll, Ace era o homem do espaço e Peter o gato selvagem. O nome Kiss surgiu enquanto o quarteto assistia um concurso de beijos pela televisão. Estava pronta a fórmula do sucesso.
           Discos, fitas, shows, roupas, bonecos e histórias em quadrinhos do Kiss eram apenas alguns produtos que a banda disponibilizava com a sua marca. Músicas de muito sucesso, como Detroit Rock City, Love Gun, Hard Luck Woman e o hino dos “Kiss maníacos” Rock and Roll all Nite, tocava nas rádios o dia todo. Alavancando ainda mais o sucesso dos mascarados. Em quanto isso, aqui no Brasil, eu não era nem nascida.

                             Bonecos simpáticos do Kiss                                
História em quadrinhos do Kiss dos anos 70
                                                    
           No início dos anos 80, a banda sofreu mudanças em sua formação e em seu som. Peter e Ace foram convidados a se retirar da banda por envolvimento com drogas. Outros músicos ocuparam seus lugares, o que resultou em uma melodia diferente da que o grupo estava acostumada a fazer. Era a vez do Hard Rock dominar a cena musical e o Kiss estava perdendo espaço na mídia. Mas sempre se reinventando, a banda acompanhou a mudança sonora da década e deixou as maquiagens de lado, mostrando seus rostos ao público pela primeira vez em 1983.

Jornal da época mostrava os músicos sem a maquiagem que escondia suas belezas

          Pulando para os anos 2000, eu já estava colecionando vários artigos da banda, como fotos, pôsteres, além da coleção de fitas K7’s que só vinha aumentando. A minha paixão pelo Kiss também crescia a cada música que eu ouvia pela primeira vez. Cheguei até a pintar com nanquim na parede do quarto a capa do disco Destroyer, de 1976. Minha mãe quase me matou.

                                                                 Eu dando uma de artista                                                        
         
            Os anos passaram e ao terminar o ensino médio, mudei-me para a cidade de Ponta Grossa, no Paraná, onde fiz cursinho pré-vestibular. Em 2007 me mudei para Curitiba para cursar jornalismo. Com 19 anos, diferente da menina de 12 do começo da história, eu tinha deixado meio de lado o sonho de ver o Kiss ao vivo. Não por não gostar mais do grupo, mas por amadurecer e ver que as coisas nunca são do jeito que a gente espera. Nunca deixei de acreditar que um dia eles viriam para o Brasil, mas apenas foquei minhas energias na faculdade. Foi quando, nas férias de janeiro de 2009, eu recebi uma ligação de madrugada de um grande amigo, contando que o Kiss tinha confirmado um show em abril em São Paulo.
           Daquele dia em diante, não consegui mais pensar em nada. Até sonhar que tinham acabado os ingressos eu sonhei, e acordei chorando. Mas logo que iniciaram as vendas, eu já garanti o meu. Um dia antes do show, eu não consegui dormir de tanta euforia. E lá estava eu, rumo à Praça 29 de março, de onde sairia a caravana de Curitiba para o show mais aguardado do ano.

Paul Stanley de Itararé
                                                               
          Chegando à arena Anhembi em São Paulo, pude ver uma multidão de loucos como eu que também estavam realizando um sonho. Milhares de fãs maquiados de Kiss e trajando camisetas da banda. Pra ser mais exata, 35 mil pessoas completamente enlouquecidas esperando pelo espetáculo. Quase nove e meia da noite, depois da banda Dr. Sin fazer o show de abertura, o imenso pano preto que cobria o palco cai. A banda aparece tocando a música Deuce, em meio a fogos de artifício. Eu não me contive e chorei feito criança.
          A banda tocou seus maiores clássicos e em quase duas horas de show não deixou ninguém parado e calado. A apresentação foi extraordinária e muito emocionante. Eu estava vendo a minha banda preferida depois de dez anos de fanatismo. Até hoje me faltam palavras para descrever tamanha euforia e gratificação durante o show. Valeram a pena anos e anos de devoção. Valeu muito a pena.
          Na volta pra casa, a única coisa que eu pensava era: “Quando o Kiss vem pro Brasil de novo?”. Pra quem aprecia a boa música e o rock de verdade, o show da banda é perfeito. Quem estava lá, naquela noite quente do dia sete de abril de 2009, viu que o rock and roll está vivo, e que nunca morrerá.

Dia inesquecível
                                                         
                                                                      Deuce na Arena Anhembi               


Vídeo do Youtube, fotos de divulgação e pessoais

domingo, 17 de abril de 2011

Carangas no Shopping Total

            Oi, gente! Hoje fui numa exposição de carros antigos no Shopping Total. Era o 8° encontro de automóveis antigos e especiais do Clube Elas. Nunca ouviu falar desse clube? É um clube feminino de amantes dos carros antigos do Paraná. Além da exposição de belíssimos carros, havia uma mini feira de peças para atender os colecionadores. Valeu muito a pena, me apaixonei por cada modelo! 















fotos: Daniela Gorski

 

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Luz, câmera e rock and roll

          Quem gosta de filmes que tem como tema principal o rock and roll já deve ter reparado em uma coisa.  As narrativas podem ser diferentes, mas acabam sendo contadas quase da mesma forma. Principalmente filmes que contam a carreira de algum astro da música ou a história de uma banda. Se o seu sonho é produzir um filme assim, te dou as dicas de como você pode criar o seu roteiro rock and roll em apenas 6 passos. Siga as instruções:

1° -  Existe uma pessoa que sonha em ser um astro do rock. Essa pessoa conhece outra que tem o mesmo sonho. Elas tornam-se grandes amigas e decidem montar uma banda. Essas  pessoas conhecem mais uns dois ou três indivíduos num bar e os convidam para se juntar ao grupo. Tudo muito simples.

Joan Jett conhece Cherrie Curie em um boteco (The Runaways)

2° - Com a banda montada, são feitos os showzinhos pela cidade. Do nada, num desses shows, chega um produtor musical de uma grande gravadora que estava passando ali perto e decide entrar. Após a apresentação, o produtor diz ao grupo que pode conseguir que eles gravem um disco demo e que se esse disco fizer sucesso, a gravadora assinará com eles. O grupo quer assinar na hora, mas tem sempre um chato desconfiado (na maioria das vezes o personagem principal) que não quer assinar, mas acaba sendo convencido pelos outros integrantes.

                                  Tom Hanks interpreta o produtor que descobriu o The Wonders

3° - O grupo grava uma música que agrada o produtor e ele decide lançar numa rádio da cidade. Sim, essa música será o maior sucesso e tocará no filme inteiro. O conjunto é chamado para fazer shows em vários lugares da cidade. Logo, eles começam a ganhar fãs e o produtor decide que eles precisam fazer uma turnê pelo país para divulgar o trabalho.

                                                        Turnê do Stillwater (Quase Famosos)


4° - Aqui começa aparecer o verdadeiro sentido da frase sexo, drogas e rock and roll. A banda já está famosa, tem várias músicas nas paradas de sucesso e está fazendo muitos shows. Os integrantes estão ganhando muito dinheiro e o gastam da maneira que bem entendem. É aquele fervo: mulheres, fama, festas, bebidas, shows, carros importados, drogas e muito rock. Nessa hora o espectador deseja ser um dos personagens do filme.

                      Mark Wahlberg como Chris Coles em festinha particular (Rock Star)

5° - Aqui a história começa a se encaminhar para o seu final. Decidindo que rumo tomar, você pode optar por:
a-    Seu astro do rock pode morrer num acidente de avião. Foi o que aconteceu com Ritchie Valens e Buddy Holly.
b-    Seu astro começa a ter problemas com drogas e entra num conflito existencial entre fama e solidão. É aquele blá blá blá de “Eu sou famoso, tenho dinheiro, mas não tenho família nem amigos”. Um bom exemplo disso é o filme Rock Star.
c -   Se seu astro insistir no uso de drogas, ele pode morrer de overdose. Foi o que aconteceu com Sid Vicious no filme Sid e Nancy.
      Suicídio também é uma boa opção para final trágico
d-    Se o seu astro querido no fundo for uma pessoa boa, ele vai se livrar das drogas e vai se arrepender de tudo que fez para as pessoas próximas.
e-    O final mais clássico é a famosa briga entre os integrantes. Um geralmente quer aparecer mais do que o outro e isso acaba gerando muitos conflitos. A banda se desfaz e cada um vai pro seu lado. Esse tipo de final pode ser encontrado no filme The Wonders.

                                                                  Foi bom enquanto durou...

6° - Independente de que final escolher para seu longa-metragem, é importante lembrar de colocar no final um clipe com as imagens dos melhores momentos da carreira da banda ou artista, com uma música triste de trilha sonora. Não esqueça dos créditos.

*Fotos: divulgação


terça-feira, 5 de abril de 2011

INTER 2: O inferno é aqui!


Sexta-feira, cinco e meia da tarde, terminal do Portão na fila do Inter 2. Começa o inferno. Empurra de cá, empurra de lá, todos os passageiros amontoados tentando entrar no ônibus. Tanto desespero que parece mais que o Silvio Santos está lá dentro jogando aviãozinho de dinheiro. Tudo isso só para pegar um assento perto da janela para não morrer sufocado. Após entrar no ônibus você não consegue lugar para sentar, mas não tem problema. Você não vai cair, pois está colado no vidro. Então você começa a sentir aquele cheiro. Parece que alguém abriu um salgadinho da marca “xulezitos” no fundo do ônibus. Nesse momento você acha nada pode piorar, mas é aí que você se engana, caro leitor. A porta abre no terminal do Capão Raso e entra um jovem vestindo calças largas, boné virado de lado, camiseta rosa bebê, piercing colorido na sobrancelha e o celular tocando aquela música que você odeia no volume máximo. Seja bem vindo ao “falcão prateado”.
A BIGORNA realizou uma enquete com a população e descobriu que o ônibus mais conhecido e odiado é o Inter 2. As maiores reclamações são que os ônibus, além de estarem sempre lotados, ainda demoram pra chegar. Ou seja, o Inter 2 de ligeirinho só tem o nome. A secretária Janaina Kozi é uma das infelizes que pega o ônibus todos os dias para ir e voltar do trabalho e se sente indignada, “É muito descaso da prefeitura não colocar mais ônibus nos horários de pico”, comenta. É, pelo jeito, a Curitiba modelo em transporte coletivo já não existe mais.
Fotos: Equipe BIGORNA
                                                       
A falta de ônibus causa a lotação e deixa o passageiro correndo risco de vida. No início do ano passado, Cleonice Ferreira Golveia estava em um ligeirinho e com a movimentação de dentro do ônibus, uma das portas se abriu e a passageira foi empurrada para fora do ônibus e atropelada pelo mesmo, chegando a falecer. Essa situação poderia ser evitada se houvesse mais investimento para aumentar a frota de ônibus. Quantas Cleonices a prefeitura vai esperar morrer para tomar uma providência e aprimorar o transporte coletivo da cidade?
 Carlos Duarte, vendedor, pega o inter 2 no terminal do Campina do Siqueira e vai até o Capão da Imbuia e garante que come o pão que o diabo amassou todos os dias, “Eu pego saída de escola com crianças gritando e pessoas mal educadas empurrando. Acho que ninguém merece passar por isso. Estamos todos cansados e só queremos voltar pra casa com dignidade”, afirma Duarte que tem toda razão de reclamar. A equipe de reportagem da BIGORNA reza para nunca mais ter que pegar esse ônibus. Agora que você terminou de ler essa matéria, relaxa e dá uma cochilada que ainda faltam 15 tubos para chegar ao seu.

PS: Esse texto foi escrito por mim e pela minha colega Francieli Santos para a revista BIGORNA.

sábado, 2 de abril de 2011

Do que elas gostam?


            Ao entrar em uma casa de shows para mulheres a primeira impressão que se tem é a de que o lugar não passa de um simples “barzinho”. Um barzinho meio suspeito, digamos. Logo que as luzes se apagam essa impressão muda. Garotas, mulheres e senhoras desesperadas lotam os sofás e as mesas ao redor do palco principal à espera dos dançarinos: os chamados “Go Go Boys”. As repórteres da BIGORNA foram até um clube feminino para saber o porquê de as mulheres, comprometidas ou não, saírem na noite em busca de prazer. As repórteres foram para trabalhar, que fique bem claro.
            Os dançarinos sobem fantasiados no palco e a mulherada vai ao delírio, levantando os braços e batendo palma no ritmo do “batidão”. O globo de luz ilumina todo o ambiente refletindo nas moças o brilho das alianças em seus dedos. Sim, elas são casadas! “Sou casada há 20 anos e meu marido sabe que eu venho aqui de vez em quando”, diz M.C., de 42 anos. “Ele acha que uma ‘saidinha’ dessas de vez em quando ajuda na relação diária do casal”.


            Mas ao contrário desse marido simpático, muitos outros não sabem onde suas esposas costumam passar as noites. É o que diz V. S. de 28 anos: “Aproveitei que meu marido foi viajar e vim aqui com uma amiga”. Ela conta que seu parceiro viaja a trabalho durante a semana e que usa esses dias para se divertir. “Não venho aqui atrás de garoto de programa e sim para ver os rapazes dançando, coisa que meu marido nunca faz pra mim”.
            Os motivos de se ir a um clube de mulheres são vários, desde comemorações de aniversário à despedidas de solteira, mas o principal é a realização de fantasias secretas. “Sempre vinha aqui quando solteira. Faz dois anos que me casei e ainda frequento o lugar. Gosto de estar com meu esposo, mas tenho vergonha de contar minhas fantasias pra ele”, diz A. M. de 24 anos. “Eu gosto mais do dançarino que usa a fantasia de executivo”; completa.
            A procura por garotos de programa é grande. Algumas mulheres assistem aos shows e no final escolhem o garoto que mais lhe chamou atenção. Elas então chamam a garçonete e pagam um champagne para o rapaz. “Toda vez que venho aqui escolho um Go Go Boy diferente. Com ele não tenho vergonha de pedir e fazer coisas. Com o meu marido tenho que agir como uma santa”, desabafa G. R. de 38 anos, casada pela terceira vez (estamos chocados).

fotos: divulgação

            A BIGORNA conversou com alguns Go Go Boys e eles revelam que algumas mulheres gostam é de se sentir donas da relação. “Elas geralmente não pedem para fazermos algo. Elas mesmas tomam a iniciativa”, comenta Wagner, que trabalha na casa há cinco anos.
            Já o garoto de programa, vulgo prostituto, Lorenzo, revela que as mulheres pedem tanto coisas normais como absurdas. “A mulherada pede para fazermos strip, dançar, recitar poemas e até dar uns tapas nelas”, disse ele. Lorenzo é administrador de empresas e trabalha como Go Go Boy apenas por diversão. “Com a gente elas podem tudo”, disse o garoto de programa.
            Uma frequentadora assídua da casa é Dona Neide, ou “Nenê”, como foi apelidada pelos dançarinos. Ela dança com eles, sobe no palco e até os ajuda a tirar a roupa. “Enquanto eu tiver condições de vir até o clube, eu virei! Sou velha, mas ainda gosto de homem”, comenta. Nenê tem 94 anos de pura malandragem.
            O clube oferece shows em horários alternativos, como sábados à tarde e quinta-feira à noite. Tudo para despistar os maridos.
            Está mais do que provado que a mulher moderna faz questão de sua satisfação, seja com seu parceiro ou com um garoto de programa. Ela quer um homem que a satisfaça de várias maneiras, em todas as posições e sentidos.


PS: Esse texto foi usado na revista BIGORNA, que foi produzida para o meu trabalho de conclusão de curso junto com os amigos Francieli, Rafaela, Oliver e Douglas. A revista tinha o humor como tema principal.