sexta-feira, 16 de maio de 2014

Novas Velhas Bandas #16 Odair José

Isso mesmo, você leu "Odair José", aquele cantor de música brega que é considerado o terror das empregadas. Todos sabem que aqui no blog a ideia é falar de uma banda de rock antiga que, por algum motivo, caiu no esquecimento. Acontece que Odair José não é banda, não está esquecido e não é rock, mas o blog é meu, portanto, posso me dar ao luxo de abrir uma exceção para falar desse cantor de quem sou muito fã.
Vindo de Goiás, Odair começou a aparecer no meio musical no início dos anos 1970 fazendo um som com influências da country music e também do rock and roll, principalmente dos Beatles. No decorrer da década, o cantor chegou a compôr músicas que tratavam de temas polêmicos para a época, sendo a mais famosa delas "Uma vida só", mais conhecida como "Pare de tomar a pílula" (aquela que tocava no programa do Ratinho durante o quadro do DNA). A canção chegou a ser censurada pela ditadura militar por supostamente fazer propaganda contrária à distribuição de pílulas para controle de natalidade. Foi nesse período que o rapaz ganhou o apelido de "Bob Dylan brasileiro".
Após ser censurado pelos militares, o foco das composições de Odair José foi mudando aos poucos. Segundo o próprio diz em entrevistas, passou a prestar mais atenção nas atitudes amorosas das pessoas, retratando-as em suas músicas. Por tratar de temas do cotidiano e falar muito de amor, o músico acabou sendo taxado de brega. Título que nunca lhe agradou.
Não se sabe ao certo a origem do termo "brega" ligado ao cenário musical, porém, a denominação ficou bastante conhecida no fim dos anos 1960 para rotular cantores românticos populares entre as classes econômicas mais baixas. Desde então, o termo geralmente é visto como algo pejorativo e sem qualidade.
Na minha humilde opinião, o trabalho de Odair José passa bem longe de ser algo desqualificado. Suas letras falam de amor verdadeiro, tristeza e saudade. As composições românticas são tudo aquilo que você queria dizer pra a pessoa que você gosta, mas tem vergonha. As músicas tristes são tão tristes, que dá vontade de ir até o bar mais próximo para afogar as mágoas. Captar e transmitir tanto sentimento assim, somente um grande artista é capaz. Hoje, aos 65 anos e 44 de carreira, Odair continua fazendo shows pelo Brasil e conquistando novos fãs.

Odair num visual "glam rock setentista"